Os sentimentos são muitas vezes percecionados quando são associados a sensações corporais: o terror dá arrepios na espinha e o amor pode deixar os joelhos fracos.
Um estudo recente (Bodily maps of emotions) ligou emoções às sensações corporais. Trata-se, pois, de um estudo académico que corrobora tudo aquilo que a prática e a experiência empírica demonstra. Isto é muito estimulante para quem lida e trabalha com as emoções.
Afirma Riitta Hari, neurocientista finlandesa coautora deste estudo: “Temos sólidas provas que demonstram que o corpo está envolvido em todos os tipos de função cognitiva e emocional. Dito de outra forma, a mente humana está fortemente corporizada.”
Não somos um cérebro encerrado numa cápsula, com emoções apenas presentes na “mente” ou cérebro. Antes de mais, as expressões consideradas metafóricas são reais. Temos “pés frios”, “borboletas na barriga”, “coração partido”, “arrepio na espinha”.
O corpo sente, e é claro que isso faz todo o sentido, tanto em termos biológicos como holísticos.
Assim, no referido estudo, Bodily Maps of Emotions, os investigadores testaram as respostas emocionais e corporais em centenas de indivíduos. Em seguida criaram mapas com o fim de identificar os locais no corpo onde as emoções levaram a uma alteração corporal. Mais de 1000 sujeitos participaram em três experiências, incluindo catalogar cada sensações corporais vs mentais. Identificaram, assim, a qualidade do que sentiam e, ainda, o quanto conseguiam controlar a emoção.
Os participantes também foram convidados a classificar as suas emoções. Para isso, agruparam-nas em cinco grupos: sentimentos positivos, sentimentos negativos, processos cognitivos, estados somáticos e funções corporais.
Fez-se uma cuidadosa distinção entre o emocional e o não emocional. Distinguiu-se entre o pensamento e a sensação. Os participantes preencheram no computador o contorno de corpo, de modo a corresponder às sensações corporais, sendo que um quadro de cores tinha equivalências em ativações específicas.
Este estudo confirmou um saber que aplico na minha prática terapêutica. De facto, cada vez que faço a sequência de perguntas: “Pense em algo agradável que goste de fazer e observe quais os sinais no seu corpo. Onde é o sinal mais forte? Como é esse sinal? Tem temperatura, cor, densidade, peso?” Estou a induzir a ligação ao corpo, às sensações presentes no corpo que são, realmente, sinais emocionais.