Sofreu alguma forma de abuso sexual?
Se sofreu de alguma forma de abuso sexual, a primeira coisa que deve saber é que não está só. Afinal, uma em cada quatro mulheres com 15 e mais anos foram vítimas de violência física e/ou sexual em Portugal. Muitas mulheres sofreram e sofrem de situações de violência sexual: estupro, violação, ou seja, acontecimentos de enorme gravidade.
No que respeita à infância, o Conselho da Europa, na sua campanha ONE in FIVE Campaign to stop sexual violence against children, prevê que uma em cada cinco crianças possa ser abusada sexualmente até à adolescência.
Trauma é tudo aquilo que causa uma ferida.
Mas existem também outras formas de abuso. Algumas delas parecem quase não o ser, como é o caso do toque inapropriado. Mas, depois, todas sabemos o que é o assédio, a ameaça, o constrangimento físico e psicológico. O abandono físico e moral. Não podemos também esquecer os desertos emocionais, as relações amorosas pobres e degradantes. Relações nas quais as mulheres, em lugar de crescerem, se diminuem.
Estas formas de abuso causam traumas, e os traumas deixam marcas. Para muitas mulheres, esta é a origem de emoções negativas. Estas emoções exprimem-se em sentimentos como a vergonha, o medo, a culpa, a ansiedade. São caminhos que levam, por isso, as mulheres à desistência ou ao abandono de si e do seu corpo. Essas marcas são normalmente muito profundas. Afinal, trauma é tudo aquilo que causa uma ferida. Então, essa ferida tem de ser tratada.
Tratar do trauma não é processo mágico, nem um estalar de dedos. É um trabalho de reconstruir o Eu. Um caminho para voltar a dar significado à identidade pessoal. Sobretudo, recuperar a integridade e o valor de uma mulher. Um processo para devolver às mulheres a sua energia e a sua alma.