Os seres humanos têm muitas dimensões. Entre elas está a sua sexualidade. O desejo, o prazer e o orgasmo são diferentes nas mulheres, e são extraordinários. Se é assim, por que é que por vezes são tão problemáticos?
A sexualidade humana é uma parte integrante de uma vida plena e satisfatória. No plano físico? Certamente. Mas acima de tudo na dimensão emocional e mesmo espiritual. O prazer é mais que uma função fisiológica. É uma energia que une o Eu ao Outro. Cada uma de nós representa uma unidade psíquica e física que é (também) feita para o prazer. Quanto maior for o equilíbrio entre o corpo e a mente, quanto mais desenvolvida estiver a energia que os une, tanto mais gratificante e prazerosa vai ser a sexualidade.
Acontece, porém, que nem sempre sempre é assim. Muitas mulheres conhecem perturbações como a diminuição ou ausência de desejo, bloqueio do prazer, dificuldade ou mesmo impossibilidade de atingir o orgasmo.
Podemos identificar muitas razões para que isto aconteça. Algumas delas são estritamente fisiológicas, e têm tratamento clínico. Mas os estudos – e a minha experiência com as mulheres que sigo – indicam que a maior parte das vezes os problemas têm origem emocional.
Uma história de abuso ou de violência deixa as marcas mais profundas de trauma. Mas também vamos encontrar traumas numa educação familiar ou religiosa repressiva face ao sexo. Igualmente traumáticas são histórias de relacionamentos abusivos, humilhantes ou degradantes das mulheres. Todas estas causas, acentuadas por quadros depressivos e de ansiedade, estão na origem dos problemas.
Também tem muito a ver com a sua relação com os parceiros homens (de modo geral). Muitos dos quais têm pouca educação sobre a mulher e o prazer feminino, vinda de fontes com profundidade e sabedoria. Muitos homens aprendem e vêm o sexo num sentido de consumo rápido e imediatista em vez da fonte de intimidade e prazer profundo que pode ter. Por isso, também contribuem para um estado de aversão a sexo nas mulheres. Pois quem é que gosta de fazer algo que é pouco agradável?
É na cura do trauma, da ferida emocional que está dentro de nós, que começa a transformação que pode levar as mulheres a conquistar de novo a alegria, a paz e o prazer feminino de volta. E na educação para o prazer. É uma metamorfose íntima, um processo que levei anos a criar a partir da minha experiência como mulher e terapeuta.
Libertar o trauma, ganhar de novo espaço interior para a alegria, voltar a descobrir o corpo e o valor de ser Mulher é o caminho que proponho. Sem pressa. Mas com a urgência de que sabe que tem ainda muitas coisas boas para viver.